Um dia uma pessoa me disse em sua primeira sessão: sou deprimido!
Fiquei olhando para a pessoa e respondi: ah é?
Ela não se assossegou até dar todos os argumentos de sua
depressão. Percebi que não cessaria até me convercer plenamente de sua
patologia. Ao final da sessão eu disse: até agora só vi uma pessoa
tentando me convencer dessa depressão, vamos ver como isso aparecerá no
andar da carruagem.
Assim comecei a pensar: será que somos o que dizemos que somos ou será que somos alguém para uma determinada pessoa?
Outro dia uma amiga falava ao telefone com seu
amigo-colorido. Ela sorria, brincava, se excitava e tinha os olhos
brilhantes. O outro celular tocou e de um momento para o outro seu rosto
murchou em cinzas. Era o seu marido. Esbravejou, brigou, resmungou e
ficou alterada. Ao desligar o telefone retomou a conversa com o
amigo-colorido resplandescente, com brilho nos olhos.
Eu fiquei espantado, pois eu não poderia afirmar que ela
tinha dupla personalidade, no entanto, em poucos minutos presenciei
duas facetas completamente diferentes. Isso me fez chegar em um
conclusão.
Não somos uma identidade fechada. Somos como elementos químicos que se combinam.
Num relacionamento amoroso se costuma pensar de forma absoluta. “Sou ciumento!”
Mas será que essa pessoa é ciumenta mesmo? Ou na combinação química com a outra se mostra assim?
Já vi pessoas serem super assanhadas e trairem um namorado e com outro são amores para vida inteira.
Pessoas calmas em certas relações que ficam possuídas pela raiva em outras.
Cada pessoa evoca em você uma faceta da sua personalidade.
Definir o que somos de maneira tão definitiva é uma
tolice. Alguém pode aflorar em você todo o altruísmo que possui, outra
pessoa não.
Numa rejeição acontece o mesmo, não é pessoal, mas só
uma incompatibilidade de psiquismos. Nada muito específico ou pessoal.
Mas aquela alquimia não aconteceu.
Sempre penso que a pessoa certa é aquela que a química dos dois favorece o crescimento individual.
E a química que não funciona é aquela que deixa ambos
intoxicados. O remédio e o veneno se diferenciam pela dose das
composições químicas.
Portanto, não existe uma característica individual que garanta sucesso em todos os relacionamentos.
Da mesma maneira nenhuma relação é igual a outra e pode ser comparada nem de longe.
E química ninguém preve, a não ser no momento que a mistura dos elementos se consuma definitivamente.
Ainda bem que o amor não tem fórmula certa, não?
Fonte: http://www.sobreavida.com.br
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