"Já choramos muito, muitos se perderam no caminho. Mesmo assim, não custa inventar uma nova canção que venha nos trazer sol de primavera... Quando entrar setembro..." (Beto Guedes)

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Por que a Suzane Richthofen está namorando e você não?

* Por Frederico Mattos

Uma pessoa me fez essa pergunta depois de enviar o link de uma reportagem sobre Suzane Von Richthofen, “famosa” por ter arquitetado o assassinato dos próprios pais. Apesar deste fato e de estar presa, ela começou um relacionamento amoroso com outra interna do presídio onde está 
A pergunta pode ser capciosa, afinal, não tenho dados concretos para responder a essa pergunta, nem por quê o Maníaco do Parque recebeu centenas de cartas de pretendentes e se casou com uma delas . Entrarei em campo minado agora, mas posso dizer que os motivos pelo quais as pessoas se apaixonam são, de modo geral, confessáveis e inconfessáveis e a maior parte das pessoas desconhece ambos. Explico.
Os confessáveis normalmente são aquelas qualidades que observamos nos outros, que podem ser virtudes de fato ou problemas pessoais que parecem virtudes. Os inconfessáveis são características mórbidas que a outra pessoa possui e que completam um pouco do nosso problema pessoal.
suzane
Por exemplo, existem pessoas com síndrome de mártir, que se sentem moralmente superiores por resistir aos problemas e às dores do mundo e sem notar se conectam com figuras problemáticas que de alguma forma realimentam seu repertório de dor. Imagine também alguém que gosta de ter uma pessoa severa por perto para puni-la por ser uma “criança má” e por isso sempre age com infantilidade, não aceitando regras ou se descontrolando financeiramente. Nem tudo é preto no branco como gostamos de pensar, e existem estágios mais densos e rasos da personalidade que buscam uma outra porção problemática complementar.

Racionalmente a pessoa não consegue entender como está presa num ciclo de relacionamento conturbado, mas o que está nas camadas mais profundas da personalidade parece pedir um parceiro cheio de ódio, manipulação e desprezo. Muitas vezes isso recria um cenário emocional interno encharcado pela sensação de menos valia, desprezo e inferioridade de um passado de abusos emocionais. A pessoa ama o que a machuca e ameaça mas que a faz se sentir pertencendo, mesmo que seja ao universo do seu pior pesadelo. Aquela sua vizinha que parece desequilibrada, mas que está “bem casada” e com filhos lindos pode não ter claramente o predicado que racionalmente você admiraria, mas no sub-texto ela carrega a loucura que aquele parceiro precisa. Talvez esse show de bizarrices escape a uma análise superficial, afinal nós também nós somos inconscientes de qual é o nosso teatro interior.
Então, antes de você invejar o casamento de qualquer figura excêntrica do seu círculo pessoal recue um pouco, pode ser que não gostaria de estar na pele dela. Ainda assim, se para você qualquer história está valendo, mesmo que seja para não ficar sozinha, bem, você pode encontrar sua metade meio podre por aí com alguma facilidade…
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