Rotelli diz que a grande revolução se dá quando muda-se o modo de vê-los: não mais enfermos, neles vemos a existência -sofrimento em conexão com o social e porisso não se busca cura, mas, sim, emancipação.
A loucura conquistou um espaço no coração das lutas por cidadania e direitos humanos.
Baságlia a define como desrazão, e é louco ser a desrazão num mundo desencantado onde domina cruelmente a lógica da racionalidade técnico-instrumental... O mundo empobrece, dele é retirado todo pensamento e ação não que sirva à produção mercantil... os loucos estão fora, junto com a poesia, com a arte, com a magia, com o misticismo.
Baremblitt sentencia: o psicótico é alguém que renunciou o mundo de vendedores e vencedores.
A Reforma Psiquiátrica avança e rompendo os muros dos hospícios, descobre na loucura uma expressão viva da vida, mas da vida singular... Uma diferença...
Baremblitt vaticina: o esquizofrênico é a surra que o simulacro levou do sistema...
Baseados no direito á diferença é gerado um novo modo de cuidar: livre, alegre, terno, amoroso, solidário e feito de inclusão social e reabilitação psicossocial...
Deleuze vê no esquizofrênico o grau máximo de desterritorialização do capitalismo, o filho mais fidedigno e o mais rebelde, pois estando na fronteira ele já não cabe no socius de exploração e dominação...
A loucura está na encruzilhada... Denuncia e profecia... Desvela o capitalismo e se põe no território da utopia...
Ela é a denuncia do cinzento do mundo de concreto-armado, e a profecia de uma nova utopia: o re-encantamento do mundo num socius de solidariedade, justiça social e liberdade...
As gaiolas se abriram e o mundo escutou o canto de vida amorosa e terna e avistou os vôos dos sonhos...
O sonho só estava adormecido... Hoje, é uma utopia, uma serenata para o alvorecer de um novo modo de ser e existir, uma nova sociedade... onde canta a legria do amor...
Nenhum comentário:
Postar um comentário